segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Último Post

O último texto escrito pelo Candalense foi em 15 de Maio de 2008.
Muitos outros lhe ficaram na alma e coração.
O Mar foi sempre uma grande paixão, e foi a Grande Paixão dele que nos contou que este texto existia.
Passaram 8 dias da sua morte. Jamais o esqueceremos...

Ai! - Se fosse ave, voaria por cima das casas
Para ver o mar de muito perto, junto à água.
Sentia decerto seu afago, seu murmurar
Mas assim como sou, pobre de mim!
Vou descendo pelo meu pé até perto dele
E contemplo seu rebolar, as ondas a bater
Ora espumosas e alegres, ora fortes, dolosas
Metem medo, mas são belas e alterosas.
Como é bom ter um mar assim bem perto de mim!
Quando já não puder andar, para ir lá junto do mar
Ouvi-lo falar, um murmúrio, um sussurrar,
Terei meu pensamento, imaginação, sentimento.
Sem o ver, continuarei a tê-lo ali, dentro de mim
Belo, azul, sereno, como eu pensar. – O meu Mar!

sexta-feira, 2 de maio de 2008

L I B E R T A Ç Ã O

No próximo dia 31 de Maio vou participar em mais um almoço de confraternização com os meus camaradas de armas, combatentes em Angola, nos já longínquos anos de 1963/1966.
Foram dois anos e três meses passados em Angola numa guerra, que ao tempo se justificava, tendo em conta o regime em que Portugal vivia e, ainda o facto dos países colonizadores terem iniciado a sua retirada desses territórios, uns, dando a independência sem conflitos, outros como Portugal, obrigados a tal desiderato como resultado duma guerra que, provavelmente não teria fim. Claro que não podemos condenar Portugal por se opor à descolonização, pois a França também viu perder milhares de soldados na sua ex-colónia, Argélia, numa guerra de muitos anos.
Não é, porém, minha intenção dar pareceres e opiniões sobre este problema da história de Portugal. Tem sido amplamente discutido por analistas, políticos e outras personalidades importantes do nosso país e, convenhamos que subsistem muitas dúvidas que a história poderá nunca dissipar.
Gostaria sim de falar mais particularmente desse período da minha vida, ainda jovem e que, nalguns aspectos, me marcou bastante.
Logo a data em que se deu o embarque para aquela “província ultramarina”, coincidiu com a véspera do aniversário de minha mãe, 10 de Novembro de 1963. Minha mãe completava naquele ano 64 primaveras, transformadas em autêntico inverno no seu coração. Era eu o filho mais novo de oito e o único a vestir a farda e pagar as “favas” pelos outros irmãos que por serem mais velhos livraram-se deste calvário. Não se livraram, porém, do desgosto e grande tristeza que os avassalou por verem partir para a guerra o seu irmão mais novo. Tenho a certeza que sofreram bastante juntamente com os seus familiares já que na maioria tinham já constituído família.
Mais tarde, poderei voltar a falar sobre este período da minha vida, em pormenores interessantes que retive e que terão algum interesse. Pretendo por agora recordar com muita saudade e grande amargura, o dia em que assisti ao funeral de cinco camaradas mortos em combate. Deram a vida no cumprimento do seu dever e assim merecem que lhes dedique um singelo poema que a eles e a todos os outros camaradas do meu batalhão, o glorioso 595, que também tombaram em combate em terras de Angola:


L I B E R T A Ç Ã O

Ao ter a vida dentro de mim sorrindo
Bem longe da terra que me viu nascer,
Aqui estou padecendo e lutando
Por causa de causas que não compreendo!

Mas sei que a Pátria quis que sofrimento fosse,
Pelo que seus filhos devem obedecer.
Derramar o sangue no seu altar
Mesmo que seja lutando até morrer!

Estou sonhando com minha aldeia,
Do odor da giesta, do tojo e alecrim,
Da minha rua de terra e cheia de rosmaninho
A saudade que me atormenta desde que vim!

Estou sentindo a dor no meu peito aberto
Junto ao coração que já não pode mais amar
Fecha-se vagarosamente o meu olhar ao horizonte
Estou no fim, mesmo no fim! Acabo de me libertar!

Em memória dos camaradas que morreram em combate em Angola.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

N A P O L E Ã O

Não vou aqui invocar o imperador francês do princípio do sec XVIII, seria um desperdício de tempo e talvez muito fastidioso e até desinteressante. O Napoleão que me proponho falar e que faço com imenso gosto, é do gato da minha cunhada a quem foi dado esse pomposo nome.
Portanto, o gato Napoleão, um animal de raça siamesa, é um bicho muito inteligente e de fácil domesticação. Foi importado para a Europa, do Extremo Oriente, do Sião, donde é originário. Um animal muito bonito, muito meigo e também muito senhor do seu nariz.
Para além dos atributos próprios da sua raça, este gato tem particularidades muito invulgares, que o tornam muito querido pela familia. Tenho muito carinho por todos os animais e assim, sempre que podia, brincava um pouco com o Napoleão.
Tinha de ter um certo cuidado, porque o Napoleão para além da sua pujança física, tinha naturalmente um arsenal bélico de muito respeito, constituído por quatro dentes afiadíssimos, dois em cima e dois em baixo, na boca, claro, e umas unhas que impunham grande respeito. Assim, o Napoleão, quando decidia pôr a funcionar tais apetrechos, de certo que o visado ficava bem marcado e para bastante tempo. O Napoleão, comigo, era muito respeitador. Autorizava que o afagasse da cabeça ao rabo, até gostava, mas se tentasse passar-lhe a mão numa pata ou de lado numa das bofelas, o Napoleão punha imediatamente a funcionar as unhas e os dentes com tal destreza e violência que era dificil sair incólume de tão furioso ataque.
O Napoleão era famoso, bastante mais, no que diz respeito ao seu comportamento com as gatas e, consequentemente, com as guerras que deveria ter com os gatos, por causa delas. Ele, de vez em quando desaparecia e, ao fim de três, quatro dias é que voltava. Muito cansado, todo mordido, sem pelo e carne viva a ver-se, enfim - o bicho aparecia em casa numa desgraça física completa.
O maior problema é que a minha cunhada, quando tal acontecia, vinha logo com a ameaça de que iria mandá-lo capar, pois dessa forma ele deixaria de tomar assim essas atitudes de sair de casa sem dizer "água vai", passaria a ter um comportamento mais "civilizado", e até ficaria mais bonito " de se ver".
Considerava uma crueldade enorme para com o animal, era um defensor acérrimo de manter o Napoleão com todas as suas partes intocáveis, principalmente aquelas em que um homem tem mais vaidade, desculpem, neste caso, é um gato que mostra toda a sua virilidade, precisamente quando aparece em casa da dona nas condições em que chega o Napoleão. O pecado do bicho era apenas este, ainda por cima, tratando-se duma generosa dádiva da mãe natureza.
Veja-se outros animais que só querem comer e dormir, estou a lembrar-me por exemplo, do cão do Maunuel Alegre que passava o tempo deitado a dormir numa sala da casa do poeta. Ele não diz nada da virilidade do seu cão, mas cá para mim, era bem o reverso da medalha do Napoleão.
Porém, o maior problema do Napoleão e que acabou por causar grande desgosto a todos nós e uma profunda tristeza para a minha cunhada foi o facto de ele causar alergias a alguns familiares que se viam impossibilitados de irem lá a casa. Assim, ou eles ou o gato. Claro que o Napoleão, tendo-se livrado de ser capado, não pôde continuar lá em casa.
Um certo dia, apercebendo-se de que o iam levar para parte incerta, encostou-se na parte mais escondida da casa para ver se passava despercebido, mas foi ao mesmo tempo pensando, com muita mágoa nas belas noites de luta e de amor, (luta com os gatos e amor com as gatas) que não voltaria mais a ter.
A minha cunhada sentiu realmente um grande desgosto, Mas, valha a verdade, teve por parte da mãe, minha sogra, um apoio imenso, que a consolou naquelas horas mais difíceis em que ela se viu privada do bicho. Não é para admirar, a minha sogra sempre foi assim com a filha, muito amiga, muito terna, desde pequenina. A minha cunhada também enche a boca quando fala da mãe. E como disse, foi o que valeu à minha cunhada aqueles dias de grande tristeza.
O Napoleão lá foi à vida dele, vida de gato bem felino, consta-se mesmo que já conseguiu voltar às suas noitadas com o mesmo apetite a mesma valentia que lhe dá jus e torna infalivelmente merecedor do nome que lhe puseram. Bem haja NAPOLEÃO.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Um envelope...

Tecnicamente um envelope não é só um invólucro que, como a palavra deduz, envolve e resguarda um papel ou documento, e que o transporta de um lugar para outro. Se pensarmos com mais profundidade, um envelope pode representar muito mais que esta simples missão de envolvimento e transporte de qualquer documento. Logo, ele tem uma representação equivalente àquilo que envolve. Se se trata de um documento importante o envelope poderá ser olhado também com um cuidado e uma expectativa mais responsável. Se, pelo contrário, esse documento tem um valor de somenos importância, concerteza que o envelope nem sequer é reparado e imediatamente remetido para o cesto dos papeis.

Porém, não tenhamos ilusões quanto à importância que o envelope tem no nosso espírito. No quotidiano da nossa vida não temos a mínima percepção do que representa este insignificante instrumento que, aparentemente, tem a simples função já descrita. Senão vejamos:

Imagine-se que na nossa caixa do correio encontramos duas cartas, uma de um amigo que se encontra de férias, outra da secção de finanças do local da nossa residência. Qual dos dois envelopes damos imediata atenção?- Claro, é o das finanças que vamos abrir imediatamente, que vamos ter mais cuidado, que vamos proceder com mais atenção, que muito provavelmente não o vamos lançar imediatamente ao lixo. Olhamos para aquele envelope com um misto de receio e preocupação. O que lá virá dentro? - Será algo que me traz algum problema , que me vai estragar a boa disposição que tenho tido nestes últimos tempos? E o envelope rodeia nas nossas mãos que começam a ficar frias e tensas. A sua abertura é feita com uma expectativa dolorosamente sôfrega e funesta.

A carta do amigo ficou esquecida, aquele envelope não vai ser aberto tão cedo, a sua função não vai terminar já, o destinatário não lhe vai dar a mínima importância ao contrário do que acontece com aquele das finanças.

Existem outros envelopes muito antipáticos de que nós não damos o mínimo valor, embora estejamos muito familiarizados com eles que são os que nos trazem contas para pagar uma vez por mês. Refiro-me aos envelopes que envolvem contas de telefone, água e energia eléctrica. Esses, são amarrotados com alguma violência e sem serem sequer olhados, são enviados rapidamente para o lixo.

Ainda temos aquele envelope, também, tragicamente recebido por nós e nos remete para uma agonia tão grande como o das finanças. Refiro-me ao da direcção geral de viação. Um envelope azul deslavado, mesmo feio esse azul, com uma janelinha onde transparece o nosso nome quase irreconhecível, mas está lá para nosso desespero. Esse envelope nojento, (desculpem o termo) de certeza que nos traz a indicação duma multa correspondente a uma infracção ao abrigo do parágrafo tal do número tal do artigo número qualquer coisa que não percebemos nem nos interessa. Imaginem a importância dum simples envelope!

Por último e, para ficarmos bem dispostos e até mesmo felizes, vou falar dum envelope maravilhoso, pelo menos para mim. Aquele que transporta a carta da nossa namorada, se se trata, claro, duma namorada de quem nós muito gostamos. A minha experiência (muito antiga) me diz que é uma sensação maravilhosa aquela que sentimos quando olhamos para um envelope que chega inesperadamente às nossas mãos.

Vou recordar o tempo em que tinha vinte anos, já lá vão quarenta e seis. - A primeira carta que recebi da minha namorada, tinha ela quinze anos e que é hoje minha mulher, foi duma alegria e felicidade tão grande que me é impossivel descrever. Aquele envelope colocado pela minha mãe em cima da mesinha de cabeceira, ainda hoje é recordado com uma ternura indescritivel. As cartas que recebi da minha mulher, quando minha namorada e as que ela me escreveu, que são algumas centenas, estão guardadas dentro dos envelopes.

Um pormenor interessante que ilustra bem a importância do envelope, é o facto de, quando estive como combatente em Angola, ter deixado à minha namorada, envelopes de cor azul para serem prioritariamente identificados no meio de toda a correspondência que chegava ao local onde me encontrava. Assim, o envelope sobressaia de todos os outros, era facilmente identificável por mim, proporcionando-me assim uma alegria e felicidade antecipada o que era extremamente benéfico para a minha situação psicológica.

Esta descrição dum documento tão simples e inverosimel, tem uma importância incomensurável na nossa vida. Mereceu pois que se fizesse esta simples e talvez incompleta reflexão.

A nossa vida não será simples e incompleta? - Complicada, quase sempre, porque assim a entendemos e a queremos. - Incompleta, a nossa vida, é sempre, mesmo que não queiramos que assim seja.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

D. MÁRIO I - O IMPOSSIVEL

Há dias, na Fundação Mário Soares, quando o Primeiro Ministro, José Sócrates, no decorrer do seu discurso, um convidado teria dito em voz alta que era "propaganda" o que ele estava a discursar, o Dr. Mário Soares logo se indignou e num assomo de contrariedade e, ao mesmo tempo, de oportunidade, mandou calar o incómodo convidado. Tratava-se dum ex-sindicalista e também ex-militante das FP25. A verdade é que o nosso Primeiro Ministro não precisa de fazer propaganda quando profere os seu discursos. Todos sabemos que não falta quem se incumba dessa missão, e com muito sucesso. Basta abrir as páginas dos jornais ou ver os noticiários das televisões, para nos entrar pela nossa casa, todos os dias em todas as horas, membros do governo e do partido que o sustenta, não só mostrando-se propositadamente, mas também, "blablando, blablando" sobre as iniciativas dos seus ministérios, cheias de tudo que é bom para o povo. Claro que, também temos de ter em atenção, que fazem imensa propaganda todos os portugueses que, pelo país fora, se manifestam nas ruas e em locais frente aos edifícios dos SAP encerrados pelo ministro, vendo-se privados dos mais elementares direitos à saúde, maternidades e outros serviços de urgência com a justificação do respectivo ministro, de que são reformas estruturais que vão, isso sim, melhorar e de que forma a vida dos cidadãos. Basta ver, também, os professores nas escolas em "palpos de aranha" e amedrontados com as leis que são aprovadas pelo governo, quase ininterruptamente, pondo em causa de certo modo, o seu futuro. A multidão de desempregados que todos os dias, quando se levantam, tristes e desalentados com o amargo sabor de se sentirem como dejectos duma sociedade injusta onde, uns tantos, têm muito mais que tudo e a maioria tem muito menos que nada. Toda esta gente que é uma Nação inteira, faz propaganda! O Primeiro Ministro, efectivamente, por estas e outras razões, não tem por que se manifestar com esse espírito de boa disposição e convencimento que caracteriza a sua maneira de estar na política. Porém, a minha intenção ao iniciar este pequeno e simples rascunho, não era falar dos problemas com que se debate o nosso país, mas sim, falar um pouco do patrono dessa instituição que é a Fundação Mário Soares.
Desde que o Dr. Mário Soares se candidatou a presidente da republica, sempre fiquei com a impressão que não era esse o cargo que ele mais pretendia. Sabemos que o Dr. Mário Soares sempre foi uma pessoa dotada de grandes sentimentos, bondade e um carisma muito especial na vida política do nosso país. Por vezes ouço jornalistas dizerem que ele foi "um animal político". Nunca gostei dessa expressão que considero grotesca e malcriada. Porém, como todas as pessoas o Dr. Mário Soares também tem defeitos e assim ele foi sempre um homem muito ambicioso, ao ponto de lutar para obter tudo que quer, mesmo o que aparentemente é impossível conseguir. Convenhamos que, não é defeito ser lutador, paradigma que fica muito bem ao dr. Mário Soares. Sejamos coerentes e concluamos de que não é fácil semelhante proeza, conseguir-se tudo o que se quer na vida.- O Dr. Mário Soares, desta ou daquela maneira, tem sido um privilegiado da vida, é um homem cheio de tudo. Creio mesmo que há muito pouca gente que consegue na vida tudo aquilo que pretende. O Dr. Mário Soares quase o conseguiu. Veja-se alguns exemplos no nosso país: A maioria dos nossos trabalhadores tudo fazem para auferirem um rendimento no seu trabalho (aqueles que têm trabalho, claro) que lhes proporcione uma vida digna. Conseguem? - Não; Falando ainda de trabalhadores, aqueles que às vezes chegam, de manhã às empresas onde trabalham e as vêm fechadas, conseguem os três, quatro ou cinco meses de atraso no pagamento dos seus salários para além de ficarem sem trabalho, conseguem recebê-los e arranjar outro trabalho?- Claro que não. Os pensionistas, não obstante os preciosos e avantajados aumentos anuais, conseguem pagar todos os medicamentos que precisam para não morrerem?- Claro que não; O Benfica e o Sporting conseguem ganhar um campeonato pelo menos de vinte em vinte anos, não obstante gastarem fortunas em jogadores? - Claro que não. Outros, muitos exemplos poderíamos dar, realçando ainda mais esta figura incontornável que é o nosso Mário Soares ( O Marocas, como muitos dizem pelo seu ar bonacheirão. Com aquelas bochechas!). Mas não se pense que o Dr. Mário Soares foi sempre assim "um bonzinho". Recordemos aquela passagem no autocarro, quando ele era presidente da Republica, em que ele manda embora o guarda republicana que estava cumprindo o seu dever acompanhando a caravana presidencial. Soube-se mais tarde que o guarda até ficara muito satisfeito, porque chegou mais cedo a casa, aproveitando o tempo para acabar de plantar umas batatas numa leira do seu quintal. Dizia-se em surdina que o guarda depois mandou um saquito de batatas para a casa de férias da praia do Vau para o Sr. Presidente apreciar as ditas batatas num empadão de atum, este pescado no mar da Quarteira.


Voltando ao facto de ele ter mandado calar o já mencionado convidado, ficamos com a nítida impressão de que o Dr. Mário Soares quis imitar o nosso vizinho rei de Espanha quando, há pouco tempo, mandou também calar o presidente da Venezuela. Estamos até convencidos que se a acção do referido rei fosse em francês o nosso Mário Soares, teria feito a imitação nessa língua, já que o francês foi sempre o seu forte. Assim, o espanhol nunca foi língua do seu agrado e, muito bem, " a caladura" foi na língua de Camões. Esta proeminência desfez todas as nossas dúvidas e concluímos que, se Mário Soares não fosse um um inveterado republicano, tinha arranjado maneira de se implantar em Portugal uma monarquia a fim de ele poder vir a ser rei. Apesar de também sermos republicanos da cabeça aos pés, de certo que estaríamos na primeira linha a apoia-lo. Vejam o que iria acontecer no nosso país: - O Dr. Mário Soares seria aclamado "Rei de Portugal". sugeríamos mesmo que adoptasse o nome de "D. Mário I - O Impossível". Terminaria a quarta dinastia dos duques de Bragança e iniciar-se-ia a quinta dinastia dos duques de Soares, e todos os portugueses seriam felizes para sempre!!!

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

O NATAL E A FAMILIA DE JESUS

O Natal a festa grande da Igreja Católica culmina com a reflexão do Advento e motiva toda a gente crentes e não crentes a um espírito colectivo de fraternidade. Assim, se mobilizam várias organizações de bem fazer no sentido de angariarem bens para serem distribuídos por todos aqueles que sofrem das mais elementares carências necessitando da ajuda permanente da sociedade. O Natal denominado como "Festa da Família", é afinal um bom motivo para chamar a atenção de todos nós para um dos maiores flagelos da humanidade - A FOME. Porém, para a Igreja Católica tem, antes de mais, aquele maravilhoso significado do nascimento de Jesus Cristo que vem trazer à Humanidade a libertação do homem, tornando-o filho de Deus. Tendo em atenção toda a simbologia do Natal, desde pequeno me interessou bastante o significado do presépio que representa o momento do nascimento de Jesus. Tanto assim que ainda hoje, dado o carinho e ternura que tal momento representa no meu espírito, não passo um Natal sem montar o presépio, aproveitando para explicar aos meus netos o que ele representa e o maravilhoso significado que tem.

É, efectivamente, muito difícil transferir para o campo material da vida, o sentimento que toda a gente tem relativamente a esta família que constitui o núcleo principal do presépio. Porém, creio que poderá ser deveras interessante ou até mesmo inovador falarmos claramente e sem receio de ferir susceptibilidades às pessoas profundamente religiosas que pretendem apenas limitar-se ao pensamento divino desta questão.
Assim, gostaria de imaginar o que teria sido o ambiente familiar que se gerou entre Maria e José. Sabemos o que as mulheres, normalmente sofrem com os maridos. Ora, Maria ao ter sido informada pelo anjo Gabriel que ia ser mãe - "Irás gerar um filho que se chamará Jesus e que vem salvar a Humanidade", Maria, que era uma jovem com dezasseis anos, inexperiente, virgem, embora casada com José, devia ter ficado horrorizada ao ter conhecimento de semelhante notícia, mesmo sendo dada por um anjo enviado por Deus. Todos sabemos que nem agora, nem naquele tempo, os anjos não apareciam, por dá cá aquela palha. Logo, Maria devia ter questionado o anjo, sobre tão insólita situação, pois para além de ser virgem, nem sequer saberia quem seria o pai biológico da criança. A verdade é que o anjo Gabriel lhe dissera que vinha de mando de Deus que está nos céus o que seria suficiente para ela se sentir segura da missão que acabara de lhe ser incumbida. Embora Maria tivesse ficado convencida e aceite de imediato tão determinante posição, o certo é que, logo que chegasse a casa, teria de contar e explicar tudo a José. Bom homem, um pouco rude concerteza, e, provavelmente, pouco culto, o que iria dificultar, de que maneira, a missão quase impossível de Maria. A verdade é que José aparece presente no presépio, como uma das figuras principais, assumindo aí, por completo a sua posição de pai adoptivo. Não sabemos se Maria, para convencer o marido de tudo que se estava a passar, teria tido a ajuda, que seria preciosa, do anjo Gabriel. Provavelmente, sim, o anjo teria tido uma nova aparição e explicado muito bem ao S. José o que se estava a passar. Soube-se, posteriormente, que S. José apenas questionou o facto de, por ser pai adoptivo, não corresse o risco, mais tarde, de se ver privado do filho. Afinal, ia-se dedicar inteiramente à criança e depois como seria se alguém o viesse reclamar? - Claro que, naquele tempo a justiça funcionava muito melhor do que agora. Como toda a gente sabe no tempo que atravessamos, os tribunais demoram anos a decidir a sorte duma criança ou se determinado indivíduo é culpado ou inocente, principalmente, quando se trata de julgamentos como os da Casa Pia ou de ex-presidentes de centrais sindicais ou ainda de outras pessoas importantes.Naquele tempo, em poucos minutos, um qualquer bandalho como Herodes ou Pilatos, mandavam para a cruz um desgraçado, importante ou não. Podia ser inocente mas a verdade é que a decisão da justiça era duma rapidez fantástica.Em face de tão inequívocas garantias, S. José ficou sossegado relativamente à questão de não ser espoliado do filho adoptivo e que ia amar até morrer.
Toda a gente diz que Jesus nasceu na maior pobreza, sem eira nem beira, num curral, tendo necessidade do bafo dos animais para se aquecer. Bom, se pensarmos com alguma lucidez, temos de ver que Jesus teve logo visitas muito importantes que lhe trouxeram prendas bem valiosas. Os três Reis do Oriente não se inibiram de trazer para Jesus, incenso, mirra e ouro. Provavelmente, se Jesus tivesse grandes necessidades os mesmos Reis não iriam recusar uma ajuda no sentido exacto das necessidades desta maravilhosa família. É certo que, conforme foi crescendo, esta Família nunca mostrou sinais exteriores de riqueza. Será que o ouro oferecido por aquele rei do Oriente, foi guardado até aos nossos dias e é o mesmo que papas, bispos e quejandos utilizam nas suas roupas, anéis e outros adereços?